Atualmente podemos encontrar facilmente informações sobre saúde e alimentação, contudo há uma grande leva de informações que divergem entre si, alimentos milagrosos e dietas da moda que mudam de tempos em tempos. São exemplos: óleo de coco, jejum intermitente, dieta paleo, suco detox, low carb e por aí vai!
Dessa forma, nossa população acaba ficando cada vez mais confusa, arriscando sua saúde e gastando seu dinheiro com informações mal interpretadas.

Em meio a tantas discussões, a Revista científica Nutrition e Health, publicou um editorial se posicionando e claro chamando a atenção para um ponto importantíssimo nos estudos de nutrição e na área da saúde: a replicação dos estudos! O que seria reproduzir o estudo já publicado anteriormente, pelo mesmo ou outros pesquisadores, tentando encontrar resultados similares, porém, em população diferente, para que os achados do estudo possam ter mais confiabilidade.

Talvez soe desnecessário essa ação, mas a replicação de dados é extremamente importante visto que a nutrição é uma ciência complexa e heterogênea. É muito comum alegações serem feitas com estudos realizados em ratos, contudo não necessariamente funcionará no ser humano. Assim como os seres humanos não são iguais, então não é porque funcionou em um indivíduo que mora nos Estados Unidos ou China (local onde foi realizado o estudo, por exemplo) que irá dar certo em um indivíduo no Brasil. É como comparar São Paulo com Nordeste, é o mesmo país, mas estilos de vida completamente diferentes!

Os autores deste editorial destacam ainda: “Muitas vezes, na ciência nutricional, tendemos a extrapolar resultados, com todos os riscos e vieses, para tentar aplicar significado as descobertas de um único estudo”.

É uma necessidade comum a todos a preocupação com cada vez mais descobertas importantes dentro da área da nutrição e saúde. Novos resultados são sempre bem-vindos, mas a replicação destes estudos tem ficado de lado até mesmo para os próprios pesquisadores, visto que descobertas originais são mais gratificadas.

Existem algumas razões óbvias e competitivas no sentido de publicar apenas descobertas ‘novas’, tanto para pesquisadores quanto para o mercado capitalista, afinal, todo mundo gosta de uma novidade, da esperança que “dessa vez funcione”, ou que algo milagroso vá surgir para curar todos os males. Ou seja, ao invés de replicar estudos já publicados e confirmar os achados, está se dando mais importância a super promoção de novos achados.

A solução está no passo que, por meio de uma série de estudos com metodologias, intervenções ou medidas comparáveis, é possível desenvolver revisões sistemáticas e metanálises robustas e confiáveis, o que, por sua vez, permite uma maior certeza para a aplicabilidade de qualquer descoberta.

Portanto, não é porque tem estudo que significa que funciona para você ou para seu paciente!

 

Texto por João Motarelli, Luana Macedo e Julia Tott Mormillo

 

Sale, C., & Mellor, D. (2018). A call for replication studies in Nutrition and Health. Nutrition and Health, 24(4), 201–201.

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