A maior angústia da vida moderna é que, não importa o quanto você tente, ou o quão bom você é no trabalho, na dieta ou no exercício, nunca é suficiente. Sempre há alguém mais rico, mais magro, mais disciplinado, esforçado, que te faz sentir fracassado.

Ao longo dos anos, milhares de livros e artigos de revistas, assim como as mídias sociais  vêm promovendo a ideia de autoestima e reforçando a ideia de que precisamos ter alta autoestima em vez de sermos felizes e saudáveis, e dessa mesma forma para nossos corpos e para o exercício. Temos que pensar em “comer saudável” o tempo todo a todo custo e afirmar que somos para sermos bons o suficiente precisamos ser magros ou ter corpos esculpidos e que ao chegarmos lá encontraremos nossa autoestima.

Autoestima e motivação até podem fazem com que a pessoa se sinta especial e acima da média (como se estar na média fosse considerado um insulto). Porém, é logicamente impossível que todo ser humano do planeta esteja acima da média ou dentro de uma padrão alimentar (dieta) e de corpo. Fruto desse processo,  surge a comparação social, em que estamos continuamente tentando nos colocar pra cima, enquanto alguém é colocado para baixo dando as origens para o preconceito, a desigualdade e até ao bullying.

“Mesmo quando você tem autoestima, isso irá provavelmente voar pela janela na próxima vez em que não conseguir seguir o sua dieta ou faltar no exercício, não conseguir simplesmente fechar o zíper da calça ou não receber aquele convite esperado”.

E assim é a autoestima, funcionando como um passeio de montanha-russa emocional: nosso senso de autovalor sobe e desce ao passo que temos sucessos e falhas.

Será então que temos alguma alternativa que não nos submeta a esse processo que tende a cair no fracasso?

A resposta: AUTOCOMPAIXÃO. Ela está relacionada a sentir-se bem em relação a nós mesmos sem  avaliar o quão bons ou dignos nós somos. Ao invés desta avaliação, ela envolve nos oferecer cuidado e dar suporte a nós quando falhamos, quando nos sentimos inadequados e em nossas lutas diárias.

Ou seja, partimos do princípio de que haverá falhas, e que tudo bem! Quando eu passo a entender que eu sofro e que, assim como eu, todos os seres humanos são passíveis de falhas e sofrimento, não me torno alguém especial ou diferente da totalidade, e sim, somente mais humano. Diferente da autoestima, a autocompaixão oferece mais estabilidade emocional, já que estará sempre ali por você, você estando no topo do mundo ou quando você cair de cara no chão.

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