A autocompaixão está atraindo crescente atenção devido aos efeitos para o bem estar psicológico e também para a insatisfação corporal, em especial na população feminina. . Autocompaixão implica em reconhecer o próprio sofrimento e tratar a si mesmo de maneira cuidadosa e empática – assim como trataria um bom amigo.

Os autores Neff e Dill-Shackleford (2003) nos trazem que a autocompaixão é composta por três componentes interligados:

1) Autogentileza – refere-se à tendência de ser cuidadoso e compreensivo em relação a si, em vez de se atacar e repreender-se

2) Senso de Humanidade Compartilhada – reconhecer que todas as pessoas são imperfeitas, falham, cometem erros e experimentam sérios desafios na vida, assim como nós

3) Atenção plena (mindfulness) –  estar ciente das experiências dolorosas de uma maneira equilibrada, que não ignora nem amplifica pensamentos e emoções dolorosos e sem se “superidentificar”

A autocompaixão está ligada a aspectos psicológicos positivos e inclusive tem um potencial de aliviar o sofrimento associado à insatisfação corporal e diminuir a vergonha do corpo, que são consideradas centrais para o desenvolvimento de transtornos relacionados a alimentação, depressão e ansiedade, pior qualidade de vida e outros comportamentos não saudáveis.

Uma maneira pela qual a autocompaixão pode melhorar a imagem corporal é oferecer às mulheres uma maneira alternativa de se valorizarem. Elas normalmente são ensinadas que a beleza física é uma das suas características mais importantes. A auto-estima das mulheres depende, em grande parte, dos padrões sociais de beleza ideal, está mais ligada a comparação social e é dependente da aparência percebida, diferente da autocompaixão.

Quanto à prática de autocompaixão, Germer e Neff desenvolveram um chamado Mindful Self-Compassion (MSC), com duração de 8 semanas e nele percebe-se que os participantes aumentam os níveis de autocompaixão, de atenção plena, compaixão pelos outros e satisfação com a vida, além de diminuir depressão, ansiedade, estresse e evitação emocional. Porém estes ganhos foram observados em 6 meses e mais 1 ano de acompanhamento.

Mas, será que é necessário praticar por 8 semanas para começar a observar estes efeitos? Pensando nisso, Neff e Dill-Shackleford (2003) conduziram um estudo de intervenção mais curta. Neste estudo, que durou apenas 3 semanas, os participantes foram randomizados em grupo de intervenção de meditação (N = 98) ou grupo de controle que correspondia a uma lista de espera (N = 13).  A cada semana, os participantes recebiam um link para um áudio contendo uma meditação de 20 minutos de autocompaixão com as instruções de que fosse ouvido uma vez por dia durante a semana.

Os resultados sugeriram que, em comparação com o grupo controle, os participantes da intervenção experimentaram reduções significativamente maiores na insatisfação corporal, vergonha do corpo e auto-estima com base na aparência, bem como maiores ganhos em autocompaixão e apreciação corporal. Todas as melhorias foram mantidas quando avaliadas 3 meses depois. Assim, a meditação da autocompaixão mostra-se ser um meio útil e econômico de melhorar a imagem corporal de mulheres, mesmo em um curto período de prática.

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