Como cuidar do paciente com obesidade?

Segundo o 2º Guideline de Obesidade dos Estados Unidos, basta seguir os seguintes passos:

Cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) – avisar do risco do alto IMC – orientar a redução de peso corporal – prescrever redução calórica e atividade física – e recomendar cirurgia bariátrica, caso preencha os requisitos para tal.

Ou seja, segundo o Guideline Americano, a redução do IMC é a maneira de tratar e de evitar a obesidade.
De forma mais ampla, sabe-se que o  IMC reflete apenas parte do estado de saúde e que saúde e bem estar podem ser alcançados independente de peso. Essa informação per si, já auxilia a reduzir a estigmatização o que pode facilitar o acesso à saúde por todos os indivíduos, entenda o porque:
Segundo Mensinger, Tylka e Calamari (2018)*, 69% dos indivíduos acima do peso se sentem estigmatizados pelos profissionais e 72% pelos familiares.  O peso elevado tem sido associado por muitos como um descrédito moral, classificando (estigmatizando) o indivíduo obeso como preguiçoso e até mesmo desonesto.  Como fruto da estigmatização, ocorre uma menor procura por cuidado em saúde e atendimento com profissionais.

A  estigmatização pode acontecer de dois modos diferentes, como por exemplo: momentos específicos em que os indivíduos são mal tratados por estarem gordos. Outro modo de estigmatização é a auto-estigmatização aquela que é internalizada e direcionada para si mesmo, personalizada e associa-se com marcadores psicológicos negativos de bem-estar, assim como desordens alimentares, insatisfação corporal, desregulação emocional.

Essa auto-estigmatização está relacionada a culpa (avaliação negativa de um comportamento) e a vergonha (além da culpa, em que algo é visto como defeituoso na pessoa em questão), sendo a vergonha mais predominante no desfecho de saúde por estar mais associada com senso de identidade.

Todo esse estigma, seja ele experienciado ou internalizado leva a um stress no cuidado a saúde.

O que podemos tirar disso?

Apontar e focar apenas no quadro de obesidade não se mostra algo efetivo para auxiliar no cuidado de saúde desses indivíduos, mas fazê-los sentir-se inserido na sociedade, tratar com igualdade, compreender que essa estigmatização que ele carrega já é fonte de sofrimento e a partir daí ajudá-lo é o caminho. Conhecer melhor este paciente, ajustar comportamentos disfuncionais em relação à comida, estimular a prática de atividade física, estimular práticas de autocuidado e, acima de tudo, respeitar e ser gentil… Sim, este é o caminho.

 

 

*Mecanismos subjacentes ao status de peso e evitação de cuidado de saúde em mulheres: um estudo do estigma de peso, vergonha e culpa relacionadas ao corpo e estresse na saúde

error: Content is protected !!